14.1.10

The Beatles forever e remasterizados

Músicos e profissionais de áudio avaliam o recente trabalho de remasterização feito na obra do quarteto fantástico

No dia 9 de setembro, a EMI Music deu um verdadeiro presente aos fãs de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr: lançou, de uma única vez, a discografia completa remasterizada dos Fab Four. A coleção inclui duas luxuosas caixas, nas versões mono e estéreo.

Além dos 13 álbuns de carreira da banda, a caixa estéreo traz a coletânea dupla de singles Past masters e um DVD. Já a mono, produzida especialmente para colecionadores, traz 10 álbuns com as gravações originais do quarteto e dois outros discos com cópias monofônicas de registros semelhantes aos das faixas em estéreo de Past masters. Todos os CDs incluem minidocumentários recheados de imagens de arquivo, fotos raras e trechos de conversas entre os integrantes dos Beatles e seu produtor, George Martin.

O projeto de remasterização foi realizado no Abbey Road Studios, ao longo dos últimos quatro anos, pelos engenheiros Guy Massey, Steve Rooke, Paul Hicks, Sean Magee, Sam Okell e Simon Gibson, todos coordenados pelo engenheiro sênior Allan Rouse.

Guy e Steve foram os que mais participaram. Juntos, remasterizaram os álbuns Rubber soul, The Beatles (Álbum branco), Magical Mistery Tour, Sgt. Pepper's lonely hearts club band, Abbey Road, Revolver, Help!, Beatles for sale e A hard day's night.

Ao lado de Paul Hicks, a dupla fez Please please me e Yellow submarine. Com Sam Okell, assinaram as novas versões de With the Beatles e Let it be, e com Paul Hicks e Sean Magge, fizeram Past masters.

Apesar de armazenadas há mais de 40 anos - no caso dos primeiros discos da banda -, as fitas analógicas que continham as masters estavam em perfeito estado de conservação, sem qualquer sinal de desgaste físico, como perda de óxido de ferro, ou presença de fungos. Transcritas de uma Studer A-80 para o Pro Tools HD, em 24 bits e 192 kHz, por meio de um conversor Prism A/D8s, elas deram origem a arquivos digitais que seguiam para um console de masterização EMI TG 1972 e, depois de equalizados, levados a um Sadie Serie 5 PCM 8 DAW a 24bits e 44.1kHz.

A velocidade da máquina era frequentemente avaliada pela equipe de engenheiros a fim de minimizar os riscos no que diz respeito à diferença de pitch. A cabeça de leitura era limpa nos intervalos das transcrições e consistia, basicamente, na retirada de poeira, e não do óxido, o que seria normal em trabalhos com fitas daquela idade.

A cada etapa do processo, eram realizados testes comparativos (chamados de A/B) entre as novas masters; os CDs originais, lançados em 87; e, até mesmo, os vinis. Estes testes eram feitos com o máximo de cuidado para que nada descaracterizasse a autenticidade e a originalidade das obras. Durante a limpeza das faixas, eram retiradas imperfeições, consideradas irrelevantes, como chiados de microfones, excesso de sibilância, erros de edição e dropout de fitas.

Por outro lado, para alegria de fãs e puristas, detalhes como o ruído da cadeira de Ringo Starr, presente na música A day in the life, do disco Sgt. Pepper's, e o da guitarra de 12 cordas de George Harrison, em If i needed someone, de Rubber soul, dentre outros, foram seguramente preservados.

por Rodrigo Sabatinelli