25.3.11

Esse guarda-chuva é de Paris.

A frase pode até soar arrogante. Tá vendo esse guarda-chuva aqui?! Comprei em Paris. E um casalzinho andando na chuva?! Romantizar também é possível. Podia ser um passeio a dois. Paris num fim de tarde, chuvosa. Saíram andando, sem compromisso. Começa a chuva, eles insistem, ignoram os primeiros pingos. A chuva aperta. A grana é curta. Correm de uma marquise a outra. Pisam algumas poças. Se rendem. Quanto tu tem ae? Tenho uns trocos. Compramos só um então. Tá. Saem sorridentes da loja. Entrelaçados, um único guarda-chuva. Como antes, andando na chuva pelas ruas de Paris. Agora, com seu guarda-chuva made in China.

18.1.11

uMa M.

Em verdade, o mundo ainda é muito mal feito, e a vida mal organizada, que não há talvez um só assunto, que possa ser tratado com uma completa alegria, sem tristeza e sem ironia.

1.12.10

Rock Night - 29-11-10

Sem escrever nada sobre os shows, sem se sentir estimulado e sem forçar a barra... Ta, alguns registros sempre cabem... Não sei tu, mas eu me diverti muito. Logo na entrada, fui barrado por estar vestindo a camisa número três do colorado de 75. Figueroa, óbvio. Foi tenso, mas tudo bem, para quem ainda não sabe, não se pode mais adentrar ao Malibu vestindo camiseta de clubes. Fumar pode, apesar de proibido pela justiça. Aliás, lembra do que o zagueiro colorado dizia? "A área é a minha casa, aqui só entra quem eu quero."

Sim, os registros em breves pincelas... Não posso esquecer do fim da festa, sobe no palco um piá, de o que?! Dezesseis anos?! E canta bem Highway to Hell, foi essa né caneca de chope? Até tinha reparado que tinha uma gurizadinha agitando na frente do palco, mas whatever... Há boatos que o nome da criança é Maurício e que canta todas do Led, do Sabbath e AC/DC.

Madera foi a melhor banda, primeiro porque foi a única banda da noite (entenda como única que tocou som autoral) e não bastando, ainda fez o melhor cover da noite: Smells Like Teen Spirit. Gostei de todos shows, algumas coisas mecânicas, mas foi tri... Gente subindo no palco toda hora... Foi rock night mesmo.

Desencanando; não tenho quase nada contra cover... O lance é que não é só tocar bem, tocar certinho, os dedinhos nos lugares certos e tals. Tem que ter a música dentro da banda, senão melhor nem tocar. Claro que sei que não é assim que funciona... Mas pô, é como eu gostaria que fosse! Me deixa... Aliás, algumas bandas gostam de uma tal música, mas as vezes a tal música não gosta da banda.

E gosto de cover sim... Já ouviu o cover de Hey Joe que Lenny Kravtz fez? É muito bom, e é um cover... Claro que o rocker típico não pode gostar desta versão, afinal Lenny é um putão apoiado no setentismo que faz baladas pra ganhar uma grana, é um vendido né? Pode ser, pode ser... Mas e tocar velhos clássicos pra tirar um troco com isso é o que?

Convenhamos, tem muita banda de som autoral que manda muito bem... Exemplos?! Cucas Tortas, The Rolling Stones, AC/DC, Kings Of Leon ... Vááárias... Todas autorais.

As vezes esqueço que o rock é ingênuo... Mas sempre lembro que em geral é minado de preconceitos e de ‘tem que ser assim’... Um dia, com coragem, deixo bigode e escrevo sobre isso...

Há pouca espontaneidade no ar e podem acreditar, essas bandas que estão tocando hoje nos pequenos palcos da região, estão influenciando sim... Já pensou? Voltar ao bar daqui a dez anos e ter que ver o jovem Maurício detonando um AC/DC novamente? É legal?! Até é.

22.11.10

APAC - 21-11-10

Todos já deveriam saber mas, sempre é bom lembrar... Arte custa dinheiro. Não, o lance não é grana. Não só grana... Dizem, digo, eu to dizendo, que personalidade é mais importante que dinheiro.

A APAC se supera e chega ao décimo primeiro sarau. Se supera, pois sabemos, todos aconteceram com privações... Ainda apresentam suas deficiências... Mas e daí? Todos se superaram, sem demagogia, ou frases feitas e blá blá blá, o pessoal se puxa mesmo e a coisa acontece.

O sarau foi muito bom, quem dispensou seu precioso tempo para apreciar as pinturas da Têre Finger Fiorio e as fotos de Larrisa Verdi e da Nina Fioreze, ganhou mais do que gastou para vê-las... Sem dúvida.

Diz aí quando foi a última vez que você assistiu uma dança em que as próprias dançarinas faziam os sons, sem música alguma. Não, nada de vanguarda é verdade, mas a pergunta segue.

Na seqüência WilliaM e Nina com seu acústico ‘improvisado’. As aspas são por que ela disse isso. Ah, quero chamar a atenção para quando você contemplar o próximo show acústico, observe se os músicos usam a famosa ‘pastinha’... Isso desconta alguns pontos, não quer dizer que o show não possa ser bom, mas os ‘sem pastinha’ merecem maior valor, né?! E mais, WilliaM manda bem na voz e no violão, gostei. Dito isso me autorizo a ir além... Toca bem, tanto quanto outros tantos que temos por aí, porém a afinação vocal e timbre da Marina é algo acima da média.

As bolsas de Dona Diála, que me impressionaram em fotos, ao vivo são sensacionais, no melhor sentido que a palavra oferece. Demais mesmo, artesanato de alto gabarito, alto padrão... Feito aqui, na província... Por uma nativa, saca?!

E pra encerrar Graforréia Xilarmônica. Uma lenda, nada além disso para destacar... Né?! Que guitarrista toca como Carlo Pianta? Não me faço de rogado, mas fui mal interpretado... No segundo biz, do belo show, ele disse que não poderia tocar ‘meus dois amigos’ pois era difícil e ele iria tocar mal. Gritei que ele tocaria ‘igual a todas as outras’ e ele disse; ‘eu ouvi que toco mal todas, temos um músico na platéia, vamos cagar ele a pau depois’ e sorriu. Merda! O que eu queria dizer... Era que ninguém toca como ele, mando a modéstia passear e digo que já ouvi muita coisa, mesmo, mas ninguém toca como ele. E Graforréia é, musicalmente falando, única.

O Jardim Maderos favoreceu, e muito, a realização. Sua estrutura e visíveis qualidades, proporcionaram isso e merece destaque. E é uma empresa, que sabe que é possível valorizar a arte, a cultura, sem deixar de lado suas convicções e objetivos.

Enfim, que bom que a APAC existe. Algo está acontecendo e felizes os que tem sensibilidade para primeiro perceber e depois aproveitar...

16.6.10

Flores in Rock – 12-06-10

Antes de começar quero dizer que o que escrevo não é a verdade, é o que eu vi. No último sábado, 12 de junho, rolou o Flores in Rock. E foi rock em Flores da Cunha mesmo... Em vários sentidos.

Muito bom ver o público lotar o Oasis, na fria noite, para curtir o velho estilo musical. Ótimo sinal, como se suspeitava, ainda há muitas pessoas que curtem um bom barulho. Até o rock and roll em pessoa apareceu, na figura do batera old school Vilmar Oliveira. Teve gente mato queimando, uma pequena briga, roda punk, som ruim... Enfim, rock and roll total...

A festa, muito bem organizada pelo Joninhas (Made in RGS), teve Stones, AC/DC e outros no telão, no volume certo antes e nos intervalos dos shows. Aliás, as pausas lembraram velhos festivais... Gente afinando instrumentos, fazendo pequenos ajustes... Tudo na frente do público e sem bate estaca explodindo os ouvidos.

Hábitos Groove ficou encarregada de abrir a festa. Eu que vi todos shows desta banda, sentado e bem de perto, digo que foi um show descontraído e bem tocado. Solto. Como tem que ser. Shamila cantou como quem sabe de onde vem o que está cantando e isso foi bonito. Elias se empolgou nas cantorias, mas acho que era raiva do retorno... Ruim foi ter iniciado cedo (entenda-se no horário) e muita gente chegando ainda. Fora da banda, digo que apesar de não ser uma típica banda de rock, é uma banda que não consegue não ser rock.

Madera entrou na sequência com a já conhecida força e afinação vocal da Taís apoiada num power trio com Paulinho na batera, Jean na guitarra e Lourenço no baixo. Mandaram muito bem, repertório cover bem escolhido e boas músicas próprias, que espero em breve ter a chance de registrar... Há boatos que vai rolar... Lourenço foi sólido no baixo, Paulinho tocando muito, pena o som não ajudar a definir todas suas frases e Jean com timbres e arranjos muito bons nas autorais. Só ficou devendo no bom medley de AC/DC... Que solo foi aquele Jean? Heheheh. No final Taís deu o mosh e eu perdi essa...

Iaques também mandou bem, Gustavo está cantando cada vez melhor. A banda tocando bem e tudo mais, porém o repertório bem homogêneo, na linha novo rock britânico, foi o que distou um pouco e não empolgou. Boas músicas pra curtir... Ficaria massa com menos luzes e mais isqueiros, saca? Eu gostei e acho que faltou um grito! Um estouro, sei lá... Se bem que foi durante este show que rolou a pequena briga. O que foi bom e ajudou, foi a sequência dos shows bem montada, Iaques ficou no meio dos cinco shows.

Made in RGS me pareceu estar na faze mais rock and roll de todas as bandas da noite. Tu vê logo, o pessoal, fora o Paulinho, não toca la mui bien, mas toca com muita vontade e isso contagiou o público. Alicerçada no velho rock gaúcho empolgou do começo ao fim, o cover de Sex Pistols foi sensacional e muito massa a participação de Jean, mesmo sem subir no palco, cantando Black Birds. E que tals o visu do Alan heim? Guto está detonando a guitarra. Adorei os timbres das duas guitarras... Dava pra ouvir as cordas e não só ‘ronhera’ de distorção. E olha que isso é raro por aqui na província heim... Enfim, fiquei tri curioso pra ouvir músicas desta banda.

Jokerman. Quem ficou até o final foi premiado com o melhor cover da noite; High Voltage. Justamente no último suspiro, na última música da noite... Depois de o Susin acender as luzes como quem diz ‘acabou’ ao som de gritos de mais um... A banda volta a tocar e não é que apagaram as luzes novamente... Pontel, além de ser um vocalista muito versátil e de boa técnica, domina o palco. Paulinho, pela terceira vez no palco e tocou bem pela terceira vez. O que eu não esperava, era que a noite do rock também reservaria espaço para algo próximo do Glam Metal... Afinal, também faz parte do rock né... Maicon é quase insuperável tecnicamente na guitarra, é um relógio, tudo certo no momento certo. E me contradizendo, foi exatamente isso que não curti muito... Faltou empolgação... Inspiração. Músicas muito fiéis as originais... Sabe, faltou olhar pro lado e prestar atenção no Gildo destruindo no baixo. Da gosto ver o Gildo tocar, sou fã dele... E faz tempo. Toca como se fosse o último momento de sua vida e além disso tira baita som e isso é a mão... Não é só instrumento, caixa e blá blá blá.

Outros destaques... O fotógrafo Ramon Munhoz fez muitas fotos de todos, só vi algumas e já deu pra sentir que ficaram massa. Ótimo e necessário. Infelizmente o som não colaborou, retornos falhando, cabos com defeito entre outros problemas... Rica (Sunsetpop) segurou como pode as pontas na mesa de som, com bons toques do Jean e outros que se apresentaram para colaborar. Até, é bom que se diga e alfinetando, Rica sozinho tem mais músicas registradas que todos os outros músicos que estavam no festival juntos... Paulinho foi o músico da noite, tocar em três bandas diferentes e mandar bem em todas não é pra todos não... E como o mundo sabe ser uma M mesmo, ainda foi premiado com seu carro não estando afim de pegar na saída da festa.

Enfim, o Joninhas está de parabéns por tudo e especialmente pela iniciativa. Todos músicos se ajudando também foi muito bom e raro de se ver por aqui, ao menos pra quem é da antiga... Se esse fair play continuar, talvez um dia tenhamos uma cena musical forte na cidade. O público que compareceu e bem, diz que isso deve se repetir. E vivendo num tempo em que pagode e sertanejo estão cada vez mais elitizados, bom pra nós que rock é coisa de pobre.

14.1.10

The Beatles forever e remasterizados

Músicos e profissionais de áudio avaliam o recente trabalho de remasterização feito na obra do quarteto fantástico

No dia 9 de setembro, a EMI Music deu um verdadeiro presente aos fãs de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr: lançou, de uma única vez, a discografia completa remasterizada dos Fab Four. A coleção inclui duas luxuosas caixas, nas versões mono e estéreo.

Além dos 13 álbuns de carreira da banda, a caixa estéreo traz a coletânea dupla de singles Past masters e um DVD. Já a mono, produzida especialmente para colecionadores, traz 10 álbuns com as gravações originais do quarteto e dois outros discos com cópias monofônicas de registros semelhantes aos das faixas em estéreo de Past masters. Todos os CDs incluem minidocumentários recheados de imagens de arquivo, fotos raras e trechos de conversas entre os integrantes dos Beatles e seu produtor, George Martin.

O projeto de remasterização foi realizado no Abbey Road Studios, ao longo dos últimos quatro anos, pelos engenheiros Guy Massey, Steve Rooke, Paul Hicks, Sean Magee, Sam Okell e Simon Gibson, todos coordenados pelo engenheiro sênior Allan Rouse.

Guy e Steve foram os que mais participaram. Juntos, remasterizaram os álbuns Rubber soul, The Beatles (Álbum branco), Magical Mistery Tour, Sgt. Pepper's lonely hearts club band, Abbey Road, Revolver, Help!, Beatles for sale e A hard day's night.

Ao lado de Paul Hicks, a dupla fez Please please me e Yellow submarine. Com Sam Okell, assinaram as novas versões de With the Beatles e Let it be, e com Paul Hicks e Sean Magge, fizeram Past masters.

Apesar de armazenadas há mais de 40 anos - no caso dos primeiros discos da banda -, as fitas analógicas que continham as masters estavam em perfeito estado de conservação, sem qualquer sinal de desgaste físico, como perda de óxido de ferro, ou presença de fungos. Transcritas de uma Studer A-80 para o Pro Tools HD, em 24 bits e 192 kHz, por meio de um conversor Prism A/D8s, elas deram origem a arquivos digitais que seguiam para um console de masterização EMI TG 1972 e, depois de equalizados, levados a um Sadie Serie 5 PCM 8 DAW a 24bits e 44.1kHz.

A velocidade da máquina era frequentemente avaliada pela equipe de engenheiros a fim de minimizar os riscos no que diz respeito à diferença de pitch. A cabeça de leitura era limpa nos intervalos das transcrições e consistia, basicamente, na retirada de poeira, e não do óxido, o que seria normal em trabalhos com fitas daquela idade.

A cada etapa do processo, eram realizados testes comparativos (chamados de A/B) entre as novas masters; os CDs originais, lançados em 87; e, até mesmo, os vinis. Estes testes eram feitos com o máximo de cuidado para que nada descaracterizasse a autenticidade e a originalidade das obras. Durante a limpeza das faixas, eram retiradas imperfeições, consideradas irrelevantes, como chiados de microfones, excesso de sibilância, erros de edição e dropout de fitas.

Por outro lado, para alegria de fãs e puristas, detalhes como o ruído da cadeira de Ringo Starr, presente na música A day in the life, do disco Sgt. Pepper's, e o da guitarra de 12 cordas de George Harrison, em If i needed someone, de Rubber soul, dentre outros, foram seguramente preservados.

por Rodrigo Sabatinelli

20.10.09

Uma boca e duas orelhas

Tudo bem, temos mesmo uma boca e duas orelhas. E se for para ir mais fundo, repare que temos dois olhos e um único nariz com dois buracos. Como se isso fosse uma mensagem de Deus dizendo; se Eu quisesse que respirassem mais do que enxergassem, teria vos dado dois narizes e apenas um olho.

O que é uma barbaridade é poder prender a respiração (não importa quanto, você pode fazer), fechar os olhos e boca e não ter a escolha, a opção não ouvir. E não digo na idéia de entrar por um ouvido e sair pelo outro, digo não ouvir mesmo. Aliás, o mistério é que o ouvido funciona sempre e nem todos ouvem.

Então, os ditos sábios ficam em silêncio. Escutando, pois temos dois ouvidos e uma boca. Agora que tal isso; se todos pensassem assim ninguém ouviria, pois ninguém falaria.

Será que se ninguém falar, ninguém terá o que ouvir? Olha, a menos que você tenha um vizinho barulhento ou esteja próximo a uma saveiro arrastando no chão ou qualquer outro “utilotário” você será obrigado a ouvir. E a probabilidade de ouvir algo que não gostaria de estar ouvindo é grande.

Por isso, sempre digo, se meu corpinho de pele e osso tem algum defeito é justamente esse; não há como parar de ouvir.